Pais que querem proteger os filhos a qualquer custo podem, sem perceber, condená-los a uma vida de fragilidade e servidão aos próprios caprichos.

A sociedade moderna, repleta de confortos e facilidades, transformou-se em um campo de provas para o caráter dos homens. No entanto, em vez de formar jovens fortes, virtuosos e capazes de alçar voo como águias destemidas, muitos pais, movidos por um amor desordenado e uma piedade mal compreendida, erguem para seus filhos verdadeiras gaiolas douradas.
O psicoterapeuta Leo Fraiman lançou um alerta contundente:
“No lugar de criar um filho para que seja uma águia,
os pais criam uma gaiola dourada para
o filho virar um periquito.
Preso! Refém do narcisismo deles.”
Os pais estão aprisionando seus filhos dentro de uma realidade artificial, oferecendo-lhes tudo de mão beijada e suprimindo qualquer oportunidade de luta ou esforço.
O resultado? Crianças e adolescentes frágeis, egocêntricos, incapazes de enfrentar adversidades e alheios ao verdadeiro sentido da vida.
A Extinção da Disciplina e o Triunfo da Fragilidade
Vivemos em tempos em que a simples noção de disciplina foi demonizada. Se no passado a educação católica ensinava a necessidade da renúncia, da ordem e da temperança, hoje os pais, cegos pelo medo de serem “duros demais”, entregam seus filhos a um abismo de permissividade. Em vez de educar para a grandeza, preparam os filhos para a mediocridade.
Não se tolera mais um “não”, não se exige mais sacrifício, não se ensina a suportar frustrações. Ao menor sinal de dificuldade, os pais intervêm para remover obstáculos, acreditando estar prestando um favor.
Mas a verdade é que, ao evitar que os filhos enfrentem desafios, eles lhes roubam a oportunidade de crescer. Como resultado, surgem jovens incapazes de suportar qualquer adversidade – seja um professor exigente, um patrão rigoroso ou mesmo uma simples discordância no convívio social.
O Padre Pio, que cresceu em um lar católico autêntico, sabia bem que a vida é um combate, e que a virtude se conquista com esforço e perseverança. Seus pais não lhe facilitaram o caminho, mas lhe deram o que realmente importa: formação moral, disciplina e exemplo.
Hoje, em vez disso, temos pais que preferem “comprar” a felicidade dos filhos com bens materiais e facilidades, condenando-os à escravidão de seus próprios desejos.
A Tirania do Narcisismo Infantil e a Praga das Redes Sociais
Fraiman foi direto ao ponto ao afirmar que os pais “humilham os filhos dando tudo, facilitando tudo, dando carteirada nos professores”. Sim, é uma humilhação. O que parece proteção é, na verdade, uma traição.
A criança aprende que não precisa se esforçar, pois alguém sempre resolverá seus problemas. Que a vida lhe deve favores. Que tudo o que deseja deve ser atendido imediatamente.
Isso não gera um ser humano forte e livre, mas um ser mimado e débil. Quando essa criança se depara com o mundo real, onde ninguém se importa com seus caprichos, onde nem tudo se resolve com um telefonema dos pais, ela se desespera. E esse desespero dá origem a transtornos emocionais, depressão, revolta e fuga da realidade.
E qual é o refúgio dessa juventude perdida? As redes sociais. Rolando a tela infinitamente, jovens passam horas consumindo conteúdos fúteis e vazios, entregando sua alma a um mundo virtual que os afasta da realidade e os torna cada vez mais escravos das aparências.
Segundo um estudo recente da Common Sense Media, adolescentes gastam, em média, 7 horas e 22 minutos por dia em telas, sem contar o tempo dedicado a estudos.
Outra pesquisa, do Global Web Index, apontou que 58% dos jovens de 16 a 24 anos verificam o celular dentro de cinco minutos após acordar, criando uma dependência psicológica preocupante.
O que essa geração está aprendendo? Nada. Apenas superficialidade, distrações e vícios. O tempo que poderia ser investido na leitura de bons livros, no estudo, no aprendizado de habilidades úteis ou na oração, é jogado fora com vídeos curtos, danças ridículas e fofocas.
Em contraste, o Padre Pio utilizava seu tempo de maneira sublime: entre oração, trabalho e penitência. Se ele fosse jovem hoje, gastaria 7 horas por dia no celular ou passaria esse tempo buscando a Deus?
O Futuro dos Periquitos: Uma Geração Incapaz de Enfrentar a Vida
Se continuarmos nesse caminho, veremos uma sociedade composta por adultos que nunca cresceram. Sem disciplina, sem coragem, sem fibra moral. Uma geração de “periquitos” que se enfeitam com as cores do consumismo, mas que tremem de medo quando precisam voar sozinhos.
A Igreja sempre ensinou que o homem é forjado na luta. Nosso Senhor Jesus Cristo não prometeu uma vida de comodidades, mas sim a Cruz – e, através dela, a glória eterna. O próprio Padre Pio viveu intensamente esse princípio, carregando suas dores sem jamais pedir facilidades. Que contraste com a mentalidade moderna, que busca anestesiar qualquer desconforto!
O Que Fazer Para Inverter Esse Quadro?
É preciso resgatar a verdadeira educação. Os pais devem reassumir sua autoridade e compreender que amar não é dar tudo, mas ensinar o que realmente importa: esforço, disciplina, respeito e temor a Deus.
O caminho para reverter essa tragédia começa com pequenos atos:
- Recolocar Deus no centro da educação. Uma casa sem oração e sem princípios cristãos está fadada à ruína.
- Ensinar a virtude do sacrifício. Nada que realmente vale a pena se conquista sem esforço.
- Deixar os filhos enfrentarem dificuldades. A proteção excessiva é um veneno.
- Resgatar o respeito pela hierarquia. Professores devem ser respeitados, os pais devem ser autoridade e a Igreja deve ser o guia.
- Estabelecer limites para o uso das redes sociais. O celular não pode ser um ídolo. O tempo gasto nele deve ser moderado e direcionado para conteúdos úteis.
O futuro da juventude está nas mãos daqueles que ousam educar para a grandeza, e não para a mediocridade. Será que estamos dispostos a tomar “uma gotinha de vergonha na cara” e mudar essa história?