Mesmo em meio ao sofrimento, a Igreja floresce e almas encontram seu caminho para Deus

A guerra, essa cruel e implacável tempestade que devasta nações e destrói lares, carrega em si um paradoxo divino: onde o sofrimento se espalha, muitas vezes a graça também se manifesta.
E assim ocorre na Ucrânia. Três anos após a invasão russa, a Igreja Greco-Católica Ucraniana não apenas sobreviveu, mas cresceu. E, mais impressionante ainda, testemunhou milhares de conversões em meio ao horror do conflito.
A Igreja como refúgio e farol
Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor de Kiev, não hesita em afirmar: a Igreja, longe de ser uma mera instituição política ou social, é um farol de esperança.
Enquanto muitos fogem da destruição, outros encontram na fé um refúgio seguro, uma âncora para a alma atormentada pelas chamas da guerra.
“Nesses três anos, nossa Igreja floresceu. Passamos de 7,5% da população para 12%”, declarou dom Shevchuk. Mas como explicar esse crescimento quando tudo ao redor se desmorona? A resposta é clara: quando as certezas mundanas desabam, os homens se voltam para Deus.
Padre Pio, em tempos igualmente turbulentos, alertava para a fragilidade da condição humana e o quanto as tribulações revelam onde verdadeiramente repousa o coração do homem.
E é isso que acontece na Ucrânia. Diante do terror, muitos têm se perguntado: “Onde está Deus?” E essa é a grande oportunidade da Igreja – responder não com discursos vazios, mas com a presença viva de Cristo.
O sofrimento que evangeliza
A catedral de Kiev se tornou mais do que um local de culto. Tornou-se abrigo, casa, última esperança para centenas de desabrigados.
Famílias inteiras dormiram na cripta da igreja, sem saber se o dia seguinte lhes traria a vida ou a morte. Em momentos assim, não há espaço para frivolidades: ou se crê, ou se desespera.
A Igreja, então, cumpriu sua missão mais sublime: não apenas socorrer materialmente, mas também saciar a sede espiritual daqueles que, no desespero, buscaram respostas.
“Perguntas difíceis estão sendo feitas: ‘Por que isso está acontecendo conosco? Onde está Deus?’”, relatou dom Shevchuk. Sim, essas perguntas são antigas, ressoaram em todas as épocas de provação. Mas a resposta sempre foi a mesma: Deus está presente, e mesmo no sofrimento, Ele age para salvar almas.
Aqui, Padre Pio nos ensina algo valioso. Ele próprio, experimentando os estigmas e as perseguições, nunca cedeu ao desespero, mas transformou sua dor em oferenda. A guerra na Ucrânia, por mais trágica que seja, também tem sido ocasião de conversão e purificação.
A crueldade dos inimigos da fé
O arcebispo denuncia o que o mundo finge não ver: milhares de crianças sequestradas, padres torturados, prisioneiros tratados como animais. O mal, em sua forma mais brutal, age sem disfarces.
A denúncia de que sacerdotes foram proibidos de rezar em cativeiro é algo que deveria gelar o sangue de qualquer cristão. Como nos tempos das perseguições romanas, a simples prece se tornou um crime. E, no entanto, os santos nos ensinam: o que o mundo vê como derrota, Deus transforma em triunfo.
Seus algozes tentam arrancar-lhes a fé, mas, em vez disso, alimentam uma chama que jamais será apagada. Os mártires do passado nos asseguram que aqueles que sofrem por Cristo serão honrados no Céu.
A resposta que devemos dar
Diante dessa realidade, surge a pergunta: o que nós, que não vivemos sob o flagelo da guerra, podemos fazer?
Primeiro, podemos e devemos rezar pelos cristãos perseguidos. A oração tem mais poder do que os homens imaginam. Padre Pio dizia que o terço era sua arma, e essa deve ser também a nossa atitude.
Segundo, precisamos agir. A comunidade internacional tem o dever moral de interceder pelos inocentes. E cada fiel, individualmente, deve fazer sua parte. Quem puder divulgar essa realidade, que o faça. Quem puder oferecer sacrifícios, que ofereça.
A Igreja floresce mesmo nos tempos mais sombrios. E esta é a lição que fica: a guerra pode destruir cidades, mas não pode destruir a fé. A perseguição pode silenciar vozes, mas jamais poderá calar a verdade. E enquanto houver almas dispostas a se voltar para Deus, a vitória será sempre d’Ele.