Jacinta e Francisco: a grande obra-prima de Nossa Senhora de Fátima
O segredo espiritual que os elevou à santidade em tão pouco tempo e o que isso nos ensina para os dias de hoje
Na história da Igreja, poucos casos de santidade floresceram com tanta rapidez quanto o de Francisco e Jacinta Marto. Duas crianças, nascidas em uma aldeia simples de Portugal, que, em questão de poucos anos, atingiram um grau de maturidade espiritual impressionante.
Como foi possível tamanha transformação? E mais: que lição podemos tirar desse fenômeno celestial para os nossos tempos?
A mestra divina que transforma almas
A pedagogia do Céu, quando aplicada diretamente por Nossa Senhora, opera maravilhas.
O Pe. Demarchi já afirmava que a verdadeira diretora espiritual dos pastorinhos não foi outra senão a própria Virgem Maria. E como não poderia deixar de ser, Sua obra foi um sucesso absoluto.
Jacinta e Francisco, antes crianças como qualquer outra, tornaram-se em pouco tempo almas verdadeiramente iluminadas, consumidas pelo desejo de consolar a Deus e de oferecer sacrifícios pela conversão dos pecadores.
Um fato impressionante que nos leva a refletir: se a Santíssima Virgem pôde realizar essa transformação radical em dois pequenos pastores, por que não poderia operar algo semelhante em nós?
Os relatos de Irmã Lúcia sobre Jacinta são reveladores. A menina adquiriu uma postura séria, piedosa, comedida, sempre consciente da presença de Deus. Repreendia aqueles que falavam ou agiam de maneira inconveniente, dizendo com autoridade: “Não faça isso, pois ofende a Nosso Senhor, que já está sendo ofendido demais!”
Se um adulto dissesse algo inadequado diante de uma criança de sete anos, esperaria ser corrigido? No entanto, Jacinta o fazia sem titubear. Isso não era um traço de teimosia infantil, mas sim um sinal evidente da ação da graça em sua alma.
O mistério da transformação espiritual
Existe aqui um segredo espiritual que merece ser destacado. Muitas almas lutam durante anos para vencer seus defeitos e crescer na virtude.
Esforçam-se, rezam, fazem penitência, mas o progresso parece ser lento e árduo. Entretanto, com Francisco e Jacinta, a ação de Nossa Senhora realizou uma ascensão relâmpago.
O que explica isso? Podemos dizer que essa obra extraordinária tem relação com o que São Luís Maria Grignion de Montfort chamou de “o segredo de Maria”.
Trata-se daquela misteriosa operação da graça em que, pela mediação direta da Virgem, a alma avança rapidamente no caminho da santidade.
Como isso acontece? A alma sente-se livre, desapegada dos obstáculos que antes a prendiam ao erro. Os defeitos se dissolvem pouco a pouco e, sem perceber, ela cresce no amor a Deus.
Não é a luta penosa de quem sobe um íngreme desfiladeiro espiritual, mas sim uma suave transformação que se dá sem que a pessoa perceba.
Padre Pio, em sua própria vida, foi um exemplo desse mesmo fenômeno. Desde pequeno, já tinha visões sobrenaturais e foi preparado por Nossa Senhora para uma missão especial.
Sua ascensão espiritual, marcada por sofrimentos e graças místicas, foi obra da Virgem, assim como o foi para os pastorinhos.
A grande lição para os nossos tempos
Se Nossa Senhora pôde agir dessa forma com Francisco e Jacinta, o que podemos esperar para o futuro? O mundo de hoje, mergulhado na impiedade, parece ser terreno infértil para a santidade. Mas Fátima nos ensina justamente o contrário: Nossa Senhora pode, quando quiser, operar milagres interiores.
E não seria essa a grande esperança para os tempos que vivemos? Assim como Jacinta e Francisco foram preparados para anunciar a mensagem de Fátima, Nossa Senhora deseja formar almas que levem adiante o Seu chamado.
O Reino de Maria, tantas vezes anunciado pelos santos e pelos místicos, talvez não se concretize pelas vias naturais, mas sim por uma súbita e inesperada intervenção de Nossa Senhora na alma dos fiéis.
Diante disso, cabe a nós recorrer com confiança a Francisco e Jacinta, pedindo que intercedam por nossa conversão e pela santificação de nossa época.
Que possamos dizer sem hesitar: Vinde a nós, ó Senhora, e fazei em nós a obra-prima que fizestes nesses pequenos pastores!