Uma história impressionante sobre a dignidade do sacerdócio e a humildade angelical.
No dia 24 de janeiro, a Igreja celebra a memória de São Francisco de Sales, um dos grandes doutores da Igreja e patrono dos jornalistas e escritores católicos.
Um homem cuja vida e ensinamentos ressoam até hoje, especialmente quando se trata da dignidade sacerdotal e do respeito devido ao ministério ordenado.
Entre os episódios marcantes de sua vida, um deles chama particularmente a atenção: um padre recém-ordenado que discutia com seu próprio anjo da guarda.
O Diálogo Celestial à Porta da Igreja
Segundo narra o livro Vida de São Francisco de Sales, Bispo e Príncipe de Genebra, este santo doutor ordenou sacerdote um homem que possuía um dom especial concedido por Deus: ele podia ver seu anjo da guarda. Contudo, após a ordenação, o novo sacerdote foi visto gesticulando e conversando aparentemente com alguém invisível.
São Francisco de Sales, ao notar a cena, aproximou-se e perguntou o que acontecia.
Com a maior naturalidade, o padre respondeu que estava discutindo com seu anjo da guarda. A razão? Antes de ser ordenado, o anjo sempre caminhava à sua frente. Mas, agora que era sacerdote, o anjo insistia em lhe dar prioridade.
O santo bispo ficou profundamente impressionado com o relato e recordou-se imediatamente de São Francisco de Assis, cujo hábito era cumprimentar primeiro um sacerdote e somente depois seu próprio anjo da guarda.
Esse detalhe reforçava a lição: a dignidade sacerdotal era tamanha que até mesmo os espíritos celestes lhe deviam reverência.
A Majestade do Sacerdócio
Este fato narrado por São Francisco de Sales contém um ensinamento de inestimável valor. Vivemos em tempos em que o sacerdócio é relativizado, desfigurado e até mesmo atacado por aqueles que deveriam defendê-lo.
Muitos parecem esquecer que o padre não é um mero líder comunitário, nem um animador de reuniões religiosas, mas sim outro Cristo (alter Christus). Como nos ensina a tradição da Igreja, quando um padre celebra a Santa Missa, suas mãos tocam o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele é, portanto, um mediador entre Deus e os homens, alguém a quem até os anjos olham com reverência.
Mas quantos católicos hoje compreendem isso? Quantos ainda se ajoelham ou fazem uma vênia ao ver um padre passar? Quantos pais ensinam seus filhos a respeitar o sacerdócio? Se os anjos celestiais compreendem essa grandeza, que dizer de nós, tão pequenos e frágeis?
O Desafio dos Padres de Hoje
Ao recordar este episódio, São Francisco de Sales ensinava aos futuros sacerdotes que ser padre não é um privilégio, mas uma tremenda responsabilidade. O padre carrega nos ombros o peso da salvação das almas, uma missão que exige sacrifício, oração e santidade.
Entretanto, em nossos dias, muitos sacerdotes não apenas se esquecem dessa verdade, como chegam ao absurdo de querer reduzir sua missão a um mero serviço social.
Substituem a pregação da Palavra de Deus por discursos humanistas, esvaziam a liturgia de sua sacralidade e banalizam os sacramentos. O resultado? Fieis desorientados, paróquias esvaziadas e um progressivo esfriamento da fé.
O que diria Padre Pio, o grande santo estigmatizado, ao ver certos sacerdotes hoje? Ele, que sofria intensamente pelos pecados dos padres indignos, que passava horas no confessionário para resgatar almas, que chorava ao ver igrejas desrespeitadas e sacramentos tratados com leviandade?
Sua vida foi um contínuo holocausto em favor da dignidade do sacerdócio, algo que essa história narrada por São Francisco de Sales vem nos recordar com força.
O Que Podemos Aprender?
Diante deste relato, cabe a nós uma reflexão séria. Se até os anjos demonstram reverência para com um sacerdote, não deveríamos nós fazer o mesmo?
- Devemos rezar diariamente pelos sacerdotes, especialmente pelos que estão em crise espiritual.
- Precisamos tratar o sacerdócio com respeito e ensinar nossos filhos a fazerem o mesmo.
- Quando vemos um padre, devemos lembrar que estamos diante de um alter Christus e agir com a devida reverência.
Os tempos são difíceis, mas a solução está em nossas mãos. Se cada católico se comprometesse a sustentar espiritualmente os sacerdotes fiéis e a valorizar sua missão, o mundo veria um novo florescer da fé.
Você já parou para rezar por um padre hoje? Já demonstrou sua gratidão por aquele que, em cada Missa, traz Cristo ao altar para a salvação de nossas almas?
Nossa Senhora, Rainha dos Anjos, nos ensine a honrar dignamente aqueles que Deus escolheu para serem pastores de Seu rebanho. E que São Francisco de Sales interceda para que nunca percamos a reverência pelo sublime dom do sacerdócio.
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